Família de agricultores reduz desperdício de água com técnica sustentável de irrigação
31/05/2025
(Foto: Reprodução) De gota em gota, água chega diretamente às raízes das plantas, proporcionando a quantidade ideal para cada uma. Sistema é especialmente indicado para o cultivo do café. Irrigação por gotejamento
Agaminon Sales
A 12ª edição da Rondônia Rural Show Internacional apresentou diversas soluções sustentáveis para a agricultura, entre elas o sistema de irrigação por gotejamento. A tecnologia, que elimina o desperdício de água e melhora a qualidade dos grãos, é utilizado por uma família de produtores rurais que trabalham em harmonia com o meio ambiente.
🌱O sistema funciona de maneira eficiente: de gota em gota, a água chega diretamente às raízes das plantas, proporcionando a quantidade ideal para cada uma. De acordo com o técnico do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Rondônia (Emater), Wagner Ozair, isso otimiza a irrigação, garante um crescimento mais saudável e produtivo e reduz os custos para os produtores.
📲 Siga o canal do g1 RO no WhatsApp.
Foi essa técnica que Arildo Ferreira, produtor rural de Cacoal (RO), decidiu adotar. A propriedade da família, que existe há três gerações, já apresentava bons resultados, mas nos últimos cinco anos a produção frutificou ainda mais após a substituição da irrigação convencional por aspersão, que estava se tornando mais cara, pelo sistema de gotejamento.
"Com essa troca, tivemos uma redução grande de 60% de água energia. Além disso, conseguimos economizar de 12% a 15% na adubação", explica o produtor.
Família produz café a várias gerações.
Agaminon Sales
Sabrina Ferreira, de 23 anos, filha de Arildo, é fisioterapeuta, mas também atua diretamente na propriedade. Mesmo atuando na profissão na cidade, não deixa de auxiliar os pais no campo. Ela explica também que, além da adoção da irrigação sustentável, a propriedade investiu no reflorestamento.
“Mesmo com 40% da mata preservada, em 2022 resolvemos recuperar a mata ciliar do nosso córrego, onde fazemos a captação de água, que estava sem proteção. Fizemos um projeto com a Ecológica de Porto Velho e plantamos mais de 6 mil árvores em três hectares”, conta Sabrina.
Esse cuidado também atende às exigências do mercado internacional. “O comprador europeu, italiano, prefere muita sustentabilidade. Quanto mais sustentabilidade, mais valor. Quanto mais cuido do meio ambiente, mais consigo produzir com qualidade. Assim agrego valor, e o mercado me paga melhor”, relata Arildo com orgulho.
Entenda funciona o sistema de gotejamento💧
Wagner Ozair, técnico da Emater, explica que o sistema de gotejamento é especialmente indicado para o cultivo do café porque leva água diretamente até a raiz da planta, evitando desperdícios. Ao invés de molhar toda a área, a irrigação acontece de forma precisa, apenas onde é necessário.
Ele conta que o ideal é irrigar cada setor da plantação por um período de 3 a 4 horas, tempo suficiente para aplicar cerca de 1,4 a 1,5 litro de água por hora em cada planta. Isso significa que, ao final do dia, cada pé de café recebe de 3 a 4 litros de água, quantidade necessária principalmente nos períodos mais secos do ano.
Mas é preciso ter atenção: se a planta receber menos água do que precisa, ela pode produzir menos e com qualidade inferior, porque os grãos não se desenvolvem bem e amadurecem de forma desigual. Por outro lado, se o produtor exagerar na irrigação, o excesso pode prejudicar a planta, causando o chamado "amarelecimento", além de desperdiçar água.
E porque é mais econômico e sustentabilidade
Além de eficiência produtiva, o sistema permite irrigar uma quantidade maior de plantas por setor, diferente do microaspersor, que possui vazão maior e exige mais setores, aumentando o consumo de água e energia.
“Hoje, com o custo alto da energia elétrica, muitos produtores estão migrando para sistemas com placas solares. O gotejamento, ao reduzir a necessidade de bombeamento intenso, impacta diretamente na redução de custos.” explica o técnico.
Adaptação ao solo e ao clima
A recomendação é que os produtores levem em consideração fatores como o tipo de solo, a textura física, se é argiloso, arenoso ou argilo-arenoso, bem como as condições climáticas e a estrutura da propriedade.
Outro fator importante é o horário da irrigação. “O ideal é irrigar a partir das três da tarde ou à noite, quando o clima está mais ameno e há menor evaporação. Se for feito em horário de muito calor, perde-se muita água para a atmosfera”, orienta.
LEIA TAMBÉM:
Policiais são suspeitos de formar milícia para proteger garimpo em RO
Município de Vilhena, RO, é condenado por erro em parto que deixou bebê com sequelas permanentes
