Pesquisador denuncia racismo após ser perseguido por segurança da UFMG; veja vídeo
16/09/2025
(Foto: Reprodução) Pesquisador denuncia racismo após ser perseguido por segurança da UFMG
O pesquisador Reginaldo Cordeiro dos Santos Junior denunciou ter sido vítima de racismo, intimidação e perseguição por parte de um segurança terceirizado que atua na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na manhã desta segunda-feira (15). A vítima procurou a Polícia Civil para registrar o caso.
Segundo o boletim de ocorrência, o episódio ocorreu quando o professor retornava de um trabalho de campo com a Comunidade do Lamarão, em Grão Mogol (MG), e levava materiais do projeto de mapeamento para a sala destinada à pesquisa.
Ao chegar à Fafich, ele foi abordado de forma agressiva por um vigia, que o identificou como entregador e questionou, em tom hostil, o conteúdo da caixa que carregava.
Mesmo após dizer que era pesquisador da universidade, Reginaldo afirmou que o segurança reagiu com sarcasmo e passou a persegui-lo com um celular em mãos, em tom intimidatório (veja vídeo acima).
Intimidação
O pesquisador disse que, após a abordagem, procurou a direção da Fafich e relatou o ocorrido para o vice-diretor da unidade, Rogério Pateo. No entanto, ao deixar o prédio, o professor foi novamente abordado pelo segurança, que passou a fotografá-lo sem autorização.
Ainda de acordo com o Reginaldo, ele chegou a fazer o uso da carteirinha institucional ao passar por uma catraca e mesmo assim foi vítima de discriminação.
"Eu tenho 44 anos, sou mestre e doutor em antropologia pela UFMG. Nasci num contexto de vila, nunca mexi com nada, estou lutando para passar num concurso público, lutando para ser concursado, para um cara vir e me tratar dessa forma? Eu cheguei à direção chorando, desesperado", contou Reginaldo ao g1.
Diante da ameaça, o professor iniciou uma gravação com seu celular e só conseguiu sair do local após ser acompanhado por servidores da Fafich.
O professor relata que o mesmo segurança, dias antes, viu a saída dele com os materiais do projeto. Na ocasião, também houve questionamentos sobre o lugar onde ele havia estacionado o carro.
"É muita coisa que a gente vive no contexto do cotidiano. São pequenas dose de racismo, mas o que aconteceu comigo na Fafich foi algo que me tocou muito. Me lembrou as abordagens da polícia que eu já vivi. Não era sobre a caixa, nunca foi sobre a caixa", disse Reginaldo.
O que diz a UFMG
Em nota publicada no site da universidade, a UFMG disse que está apurando a denúncia de ato discriminatório. Conforme o comunicado, a administração afastou o profissional terceirizado envolvido.
Informou também que desde 2023, a UFMG conta com uma comissão responsável por propor políticas de enfrentamento ao assédio. Ainda nesta terça-feira (16), o Conselho Universitário deve apreciar uma resolução com diretrizes para prevenção e combate ao problema, incluindo ações pedagógicas como um programa permanente de treinamento para toda a comunidade universitária, inclusive terceirizados.
"A UFMG reafirma seu compromisso com a promoção dos direitos humanos, da dignidade, da diversidade e da equidade, princípios que orientam sua missão acadêmica, social e institucional", completou.
Professor e pesquisador denuncia racismo na UFMG e segurança é afastado após abordagem.
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