Resultado do PIB será destacado como acerto do governo, mas crescimento em 2025 depende de ajuste das contas públicas
03/12/2024
O presidente Lula durante cerimônia no Palácio do Planalto em 6 de novembro
Adriano Machado/Reuters
O bom resultado do Produto Interno Bruno (PIB) do terceiro trimestre, com crescimento de 0,9%, aponta para uma alta na casa de 3,5% neste ano e será destacado como um acerto do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A continuidade de um crescimento forte no próximo ano vai depender, porém, do ajuste das contas públicas.
A sua intensidade é que vai definir o momento em que o Banco Central irá começar a reduzir a taxa de juros em 2025, o que será crucial para evitar uma desaceleração da economia.
Nesta segunda-feira (2), o dólar ainda não cedeu, fechando em alta, a R$ 6,07. E o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltou a dizer que o cenário atual aponta para juros altos por um período mais prolongado.
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Esse alerta é ruim para a economia, porque vai encarecer o crédito, que até agora vinha se expandindo e garantindo investimentos e consumo mais altos.
Outro resultado positivo para o governo divulgado nesta terça pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi a revisão do PIB de 2023, passando de um crescimento de 2,9% para 3,2%.
A economia tem sido impulsionada pela injeção de recursos no mercado pelo governo, com aumento nos valores de benefícios do Bolsa Família, pagamento antecipado de precatórios, entre outras medidas do lado fiscal.
Agora, porém, o governo terá de conter esse impulso fiscal, o que está sendo buscado com as medidas anunciadas para reforçar o arcabouço fiscal.
Assessores presidenciais avaliam ser essencial tentar aprovar as medidas ainda neste ano, para reverter o clima de estresse no mercado financeiro e reduzir a desvalorização cambial.
Um dólar mais caro já está aumentando os custos no atacado, e devem ser repassados para o varejo em breve, pressionando a inflação.
Na semana que vem, por causa deste cenário de inflação em alta, o Banco Central deve subir de 0,50 para 0,75 ponto percentual a alta da taxa Selic, que, assim, deve terminar o ano em 12%.Antes, o mercado previa uma taxa de 11,75% em 2024.
O risco agora é sobre novas altas no próximo ano e por mais tempo, o que deve desacelerar a economia. A reversão deste cenário negativo, que pode contaminar um momento positivo da economia, está nas mãos principalmente do presidente Lula.
Interlocutores do presidente no mercado financeiro têm alertado que 2025 precisa ser um ano de ajuste e de deixar a economia crescer por conta própria. Caso contrário, Lula corre o risco de chegar ao fim de seu governo com juros elevados e queda no crescimento, revertendo dois bons anos de alta do PIB no início de seu atual mandato.
- Esta reportagem está em atualização